segunda-feira, 30 de abril de 2012

Adolescente com Deficiência Mental e sua Sexualidade

O deficiente mental, como qualquer outro indivíduo, tem necessidade de expressar seus sentimentos de modo próprio e intransferível. A repressão da sexualidade, nestes indivíduos, pode alterar seu equilíbrio interno, diminuindo as possibilidades de se tornar um ser psiquicamente integral. Por outro lado, quando bem encaminhada, a sexualidade melhora o desenvolvimento afetivo, facilitando a capacidade de se relacionar, melhorando a auto-estima e a adequação à sociedade.

A discussão do tema sexualidade em nossa cultura vem acompanhada de preconceito e discriminação. Quando o tema passa a ser sexualidade no deficiente mental, o preconceito e a discriminação são intensificados e geram polêmica quanto às diferentes formas de abordá-lo, tanto com os próprios adolescentes, quanto com suas famílias e na escola. 



É importante lembrar que a sexualidade é uma função natural, existente em todos os indivíduos. Pode-se expressar no seu componente afetivo, erótico ou afetivo-erótico.



Apesar das diferenças entre os deficientes, quase todos são capazes de aprender a desenvolver algum nível de habilidade social e conhecimento sexual. Isso pode incluir habilidade para diferenciar comportamento apropriado e não apropriado e para desenvolver um senso de responsabilidade de cuidados pessoais e relacionamento com os outros.

A melhora dos cuidados de saúde e o avanço social que as pessoas com deficiência mental vêm alcançando, nas últimas décadas, têm sido muito grande. Atualmente, por meio do processo de inclusão social, os deficientes mentais leves e moderados são capazes de viver integrados na comunidade e, portanto, expostos a riscos, liberdades e responsabilidades. Essas pessoas, durante a adolescência, devem conhecer as transformações físicas e sociais que ocorrem neste período particular de vida. 
Blum discute algumas das crenças mais comuns, relacionadas à sexualidade e deficiência:



Crença 1: Jovens com deficiência não são sexualmente ativos.
Embora alguns adolescentes, com deficiência profunda, possam ser menos aptos que seus pares para serem sexualmente ativos, a crença é infundada, pois não se deve assumir que a condição de deficiência por si só, preveja o comportamento sexual. 

Crença 2: As aspirações sociais e sexuais de pessoas com deficiência são diferentes dos seus pares.
Apesar do isolamento social que muitos deficientes vivenciam, estudos demonstram que estes jovens gostariam de ter relações sexuais, de casar e de ter filhos. Na verdade, o que ocorre é que essas pessoas têm menos oportunidades de explorar alguma relação com seus semelhantes, o que dificulta o alcance de suas aspirações. 

Crença 3: Problemas quanto à expressão sexual do deficiente ocorrem em função de sua deficiência.
Estudos demonstram que problemas físicos e mentais têm menor influência sobre a expressão sexual do deficiente do que sua integração social. Os deficientes têm maior possibilidade do que os jovens "normais" de ficar isolados da sociedade. Se a expressão sexual ocorre num contexto social, então o isolamento tem, como conseqüência, a incapacidade do deficiente em aprender e desenvolver habilidades sociais. A conduta sexual é aprendida, formada e reforçada por fatores ambientais. Os ambientes integrados oferecem maiores probabilidades de reforçar condutas integradas.





Crença 4: Pais de adolescentes com deficiência proporcionam suficiente educação sexual para seus filhos.
Uma das conseqüências do isolamento social, para estes jovens, é que eles recebem menos informações sobre sexualidade, reprodução, contracepção e prevenção de DST e AIDS. Estudos mostram que a maioria dos jovens deficientes nunca recebeu educação sexual.



Crença 5: Jovens com deficiências são sexualmente vulneráveis a assédios sexuais. 
Essa preocupação sobre a vulnerabilidade de adolescentes deficientes parece ter fundamento. Portanto, o médico que trabalha com esses jovens deve discutir essas preocupações com eles e com seus pais e não esperar que os pais expressem esses receios. Para alguns adolescentes, apenas a educação sexual será suficiente. Para outros, precisará ser complementado com contracepção. 



Por tudo isso, fica claro que, desde muito cedo, esses adolescentes necessitam conhecer atitudes saudáveis em relação ao seu corpo e às funções desse corpo. Qualquer que possa ser o interesse ou o conhecimento sexual desses jovens, eles devem entender tudo o que for possível sobre sexualidade. Se a eles é oferecida a vantagem da integração, também devem ser orientados em relação a habilidades e atitudes de comportamento social apropriada.



sábado, 28 de abril de 2012

23,9% dos brasileiros declaram ter alguma deficiência, diz IBGE

Vaga temporária para trabalhar no IBGE

Instituto fez análises com base nos dados do Censo Demográfico 2010.
Migração, nupcialidade, fecundidade também estão no levantamento.


Mais de 45,6 milhões de brasileiros declararam ter alguma deficiência, segundo dados do Censo Demográfico 2010, divulgado nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa 23,9% da população do país. A deficiência visual foi a que mais apareceu entre as respostas dos entrevistados e chegou a 35,7 milhões de pessoas. Pelo estudo, 18,8% dos entrevistados afirmaram ter dificuldade para enxergar, mesmo com óculos ou lentes de contato.


No recorte da pesquisa divulgado nesta sexta, o IBGE também analisou dados sobre imigração e migração, nupcialidade, fecundidade e mortalidade infantil, educação, trabalho, rendimento, tipos de domicílios e deslocamento.


O Censo Demográfico 2010 pesquisou as deficiências visual, auditiva, mental e motora e seus graus de severidade, o que permitiu conhecer a parcela da população que é incluída nas políticas públicas específicas. A metodologia considerou os graus de severidade de deficiências das pessoas que responderam “sim, grande dificuldade” ou “sim, não consegue de modo algum”.


Entre as pessoas que declararam ter deficiência visual, mais de 6,5 milhões disseram ter a dificuldade de forma severa e 6 milhões afirmaram que tinham dificuldade de enxergar. Mais de 506 mil informaram serem cegas.


A deficiência motora apareceu como a segunda mais relatada pela população: mais de 13,2 milhões de pessoas afirmaram ter algum grau do problema, o que equivale a 7% dos brasileiros. A deficiência motora severa foi declarada por mais de 4,4 milhões de pessoas. Destas, mais de 734,4 mil disseram não conseguir caminhar ou subir escadas de modo algum e mais de 3,6 milhões informaram ter grande dificuldade de locomoção.
Cerca de 9,7 milhões declaram ter deficiência auditiva (5,1%). A deficiência auditiva severa foi declarada por mais de 2,1 milhões de pessoas. Destas, 344,2 mil são surdas e 1,7 milhão de pessoas têm grande dificuldade de ouvir.


A deficiência mental ou intelectual foi declarada por mais de 2,6 milhões de brasileiros.


Gráfico pesquisa IBGE  (Foto: Editoria de Arte/G1)


Distribuição no país e gravidade
O maior percentual de pessoas com pelo menos uma das deficiências investigadas está no Nordeste do país, com cerca de 26,6% da população. No Sul e no Centro-Oeste foi registrado o menor percentual (22,5% em cada).

O Censo mostra que a população do Nordeste aparece no topo do ranking de todas as deficiências investigadas. O IBGE diz que 21,2% da população nordestina tem deficiência visual; 5,8%, deficiência auditiva; 7,8% tem deficiência motora e 1,6%  tem deficiência mental ou intelectual.

No Sul do país foi registrado o menor percentual de deficiência visual, com 16,9%. No Centro-Oeste, 4,5% das pessoas disseram ter deficiência auditiva; 5,8% relataram deficiência motora. As regiões Norte e Centro-Oeste dividem o menor percentual de pessoas com deficiência mental ou intelectual (1,2%).

O IBGE também analisou as deficiências de acordo com o grau de severidade. No Nordeste, 4,1% das pessoas disseram ter deficiência visual severa, outros 2,6% disseram ter deficiência motora severa e 1,2% das pessoas disseram ter deficiência auditiva severa. No Sul, 1,2% dos entrevistados também disseram ter deficiência auditiva severa.
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/04/239-dos-brasileiros-declaram-ter-alguma-deficiencia-diz-ibge.html

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Crianças frágeis?


AUGUSTO DUTRA GALERY*
Em nossas conversas com pais e educadores, frequentemente surgem falas sobre o medo de que as crianças com deficiência ou transtornos globais de desenvolvimentos (TGD), que estudam em escolas regulares, sofram assédio das outras crianças por serem diferentes. Esse discurso aparece na esfera das políticas públicas, quando pais e organizações pressionam os representantes governamentais pela defesa dessas crianças por meio de sua institucionalização segregada.

Esse medo não é completamente infundado e suas raízes são explicadas pelo caráter dos grupos. A escola, como espaço privilegiado da socialização infantil, torna-se o palco onde se ensaiam os comportamentos grupais. E, se é verdade que as pessoas se unem a partir de suas semelhanças, também é verdade que muitos grupos se unem com o intuito de afastar as diferenças. Participar de um grupo, nesse sentido, é odiar o mesmo adversário (tese defendida por pensadores como Hobbes e Freud). Por essa razão, os preconceitos são tão difíceis de serem extintos: é necessário um forte trabalho da razão para combater nossos impulsos primários, ao mesmo tempo infantis, egocêntricos e destrutivos.

Mas, apesar dessa ameaça ser real, ela não atinge apenas as crianças com deficiência. Qualquer diferença bastará, como comprovam os estudos sobre o bullying escolar. Usar óculos, estar acima do padrão do peso, ser tímido, não gostar de futebol – esses fatos já são suficientes para que uma criança seja assediada pelos chamados “valentões” da escola, em geral crianças que almejam conseguir benefícios sociais a partir de sua valentia.

Tal fato nos leva a duas questões: em primeiro lugar, o bullying é um problema da comunidade escolar, e não um ônus exclusivo da sua vítima. Ao se retirar do convívio o assediado, garante-se a vitória da agressão, já que o agressor pretendia, exatamente, eliminar a diferença.

Em segundo, mostra um “pré-conceito” bastante comum no Brasil: a crença de que a criança com deficiência é mais frágil, em termos psicossociais, do que seus pares sem deficiência. Dessa forma, essa criança precisa ser defendida das crueldades da vida – crueldades que todos os outros enfrentam diariamente – por não ser capaz de suportá-las.

Assim, é necessário refletir a respeito de nossas posições frente a essas questões. Acredito, por um lado, que o bullying, quem quer que seja sua vítima, é um problema social que precisa ser tratado a partir da ótica da inclusão – modificar a sociedade para receber qualquer um – e não da exclusão – onde apenas os mais fortes sobrevivem. É papel da sociedade atuar sobre o agressor, dando-lhe um parâmetro adequado de atuação e de valores sociais, para garantir o lugar de todos.

Por outro lado, é preciso acreditar que qualquer criança se desenvolve, inclusive psicossocialmente. As pessoas com deficiência se superam a cada dia, da mesma forma que todas as outras. Esse é um dos fatores dentre os que devem ser cuidados para que cada criança possa realmente atingir seu pleno potencial.

*Augusto Dutra Galery, pesquisador do Instituto Rodrigo Mendes e coordenador do projeto DIVERSA, psicólogo, mestre em administração, doutorando em psicologia social e especialista em Sociedade Inclusiva.

Fonte: http://arivieiracet.blogspot.com.br


quinta-feira, 26 de abril de 2012

SENADO APROVA PROJETO QUE DIMINUI TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO PARA APOSENTADORIA DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

                                       


Brasília - O Senado aprovou no dia 3 de abril último o substitutivo ao Projeto de Lei da Câmara 40/2010 que trata de novas regras para a contribuição previdenciária de pessoas com deficiência. A matéria, que foi aprovada com alterações e voltará para a Câmara dos Deputados, institui um modelo diferenciado de valor e tempo de contribuição de acordo com o grau de gravidade da deficiência.

No caso das pessoas com deficiência grave, o substitutivo estabelece que o tempo de contribuição para o Regime Geral da Previdência Social será de 25 anos, para homens, e 20 anos, para mulheres. Já as que são portadoras de deficiência moderada deverão contribuir por 29 anos e 24 anos respectivamente. Para as pessoas com deficiência leve, o projeto estabelece que o tempo de contribuição será de 33 anos (homens) e 28 anos (mulheres).

A idade para aposentadoria também muda. Aqueles que cumprirem o prazo mínimo de 15 anos de contribuição passam a ter o direito a se aposentar aos 60 anos (homens) e 55 anos (mulheres), independentemente do grau de deficiência.

O texto define pessoas com deficiência como aquelas que possuem impedimentos de longo prazo de natureza mental, sensorial ou intelectual que as impeçam de participar plena e efetivamente da vida em sociedade e em igualdade de condições com as que não têm deficiência. O projeto, no entanto, deixa para o Poder Executivo a tarefa de estabelecer os critérios para a definição dos graus de deficiência.

A matéria foi relatada pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que tem uma filha com síndrome de Down. Parlamentares envolvidos com a causa dos deficientes físicos, como o deputado Romário (PSB-RJ), acompanharam a votação que resultou em 52 votos favoráveis e nenhum contrário.

                                                                                                                Fonte: Agência Brasil